Homilia do Patriarca João X no Funeral dos Mártires da Igreja de Santo Elias
- gabrielgodinhocont
- 15 de jul.
- 9 min de leitura

Homilia do Patriarca João X
no Funeral dos Mártires da Igreja de Santo Elias,
na Igreja da Santa Cruz em Damasco,
em 24 de junho de 2025
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, um só Deus. Amém.
Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou! Prostramo-nos ante sua Ressurreição ao terceiro dia.
Beatitudes, Eminências, Reverendos Padres, amados irmãos e irmãs.
Pus de lado o texto que havia preparado, pois os corpos de nossos amados mártires, dispostos aqui diante de nós, me impõem falar-lhes do fundo do coração.
Vocês, amados mártires, nos deixaram e foram trasladados ao Céu, à vida eterna, na presença do Senhor Ressuscitado dos mortos. Foram martirizados no último domingo, que é o Segundo Domingo após Pentecostes, um domingo que o Santo Sínodo de Antioquia designou como a Festa de Todos os Santos Antioquinos. Vocês foram martirizados e entraram na vida eterna nesse dia, unindo-se à companhia de todos os Santos e Justos Antioquinos, e de todos os Santos. Hoje nos voltamos para vocês. Pedimos que orem por nós, agora que repousam nos braços do Senhor.
Dirijo-me a vocês, meus amados irmãos e irmãs, às famílias dos mártires, aos feridos, aos doentes, aos que sofrem. Ofereço-lhes minhas mais profundas condolências, e peço ao Senhor Jesus que os sustente com sua santa destra, que os abençoe, os console e lhes conceda paciência e consolo. Dirijo-me aos fiéis de nossa paróquia de Santo Elias, onde essa tragédia ocorreu. Dirijo-me a todos os nossos filhos cristãos em toda a Síria e em todo o mundo. Dirijo-me a cada sírio, muçulmano ou cristão, neste país, porque o que aconteceu não é um incidente isolado, nem um ato pessoal, nem um ataque contra um indivíduo ou uma família. É um ataque contra todo sírio e contra toda a Síria. É um ataque, em especial, contra a presença cristã neste país. Por isso, volto-me a todos, pedindo a Deus que conforte os corações, que nos fortaleça e nos mantenha firmes na fé, na Igreja e na pátria.
O Apóstolo Paulo diz em sua Epístola aos Romanos: “Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; e, se morremos, é para o Senhor que morremos” (Romanos 14,8). A rocha de nossa fé é o Senhor Ressuscitado dos mortos. E os mártires que jazem diante de nós hoje são filhos da Ressurreição; habitam na Luz Divina. Eles não morreram; estão vivos. Foram conduzidos, mesmo que de maneira horrenda, Àquele a quem amavam. Estavam rezando na igreja. Estavam participando da Divina Liturgia. O Evangelho havia acabado de ser proclamado…
Que tipo de ataque é este? Dentro da igreja, enquanto as pessoas rezavam e diziam: “Em paz, oremos ao Senhor. Senhor, tem piedade!” — e mesmo assim esse ataque pecaminoso aconteceu! Até agora, já tirou a vida de vinte e dois mártires. Nem todos os corpos estão aqui presentes, porque algumas famílias já sepultaram seus entes queridos em seu lugar de nascimento. Vinte e dois mártires e mais de cinquenta feridos.
Ontem, após a oração na igreja, visitamos os feridos nos hospitais. Não os esquecemos, e oramos para que o Senhor lhes conceda cura pelo poder de sua Santa Cruz.
O que aconteceu foi um massacre. Repito e enfatizo: foi um massacre. Foi um ataque direcionado contra um componente fundamental da nossa amada Síria; um ataque contra todo sírio.
Senhor Presidente, gostaria de informá-lo que o crime ocorrido é o primeiro deste tipo desde os eventos de 1860 (quando houve um massacre de cristãos). Não aceitamos que tal ato ocorra nos dias da revolução e sob sua liderança honrada. Isso é condenável e inaceitável. Afirmo a todos que, como cristãos, estamos acima de todos esses acontecimentos, e não permitiremos que um crime tão hediondo se torne causa de conflito nacional ou sectário - Deus nos livre disto!
Defendemos a unidade nacional e com ela nos comprometemos, juntamente com todos os sírios: muçulmanos e cristãos. Vivemos juntos como uma só família neste país nobre. Muitos Patriarcas e líderes eclesiásticos de todo o mundo me telefonaram, assim como políticos, Presidentes, Primeiros-Ministros, Ministros e líderes muçulmanos deste país, para expressar solidariedade conosco e condenar esse massacre horrendo.
Direi claramente: Senhor Presidente, lamentamos profundamente que, imediatamente após o crime, nenhum representante do governo ou autoridade estatal tenha estado presente no local, exceto a senhora Hind Kabawat, uma ministra cristã.
Lamentamos profundamente isso. Somos um componente integrante desta nação, e permaneceremos aqui.
Recordo-lhe os dois arcebispos de Aleppo, Boulos e Youhanna, que foram sequestrados, e muito foi dito na época. As freiras de Maaloula também foram sequestradas. E ainda estamos aqui. O crime hediondo foi cometido anteontem, e nós permaneceremos aqui.
Apelamos a você, Senhor Presidente, por um governo que não se distraia emitindo decisões desnecessárias e indignas de serem mencionadas diante da Sagrada Porta do Altar.
Clamamos por um governo que assuma responsabilidade e compartilhe do sofrimento de seu povo.
Senhor Presidente, o povo está com fome. Se ninguém lhe disse isso, eu estou dizendo.
Ilustres membros do atual governo: muitas pessoas batem às portas de nossas igrejas pedindo dinheiro para comprar um pedaço de pão!
Com todo amor, respeito e apreço, Senhor Presidente, digo que o senhor ligou ontem para nosso Vigário Patriarcal para nos transmitir suas condolências, mas isso não é suficiente. Agradecemos o telefonema, mas o crime ocorrido é grande demais e merece mais do que um telefonema. Esperamos que o governo tenha êxito em alcançar os objetivos da revolução, que, como o senhor e todos disseram, são: democracia, liberdade, igualdade e o estado de direito. Isso é o que esperamos, o que desejamos e pelo que trabalhamos.
Direi com franqueza: fomos informados de que o governo pretende declarar um dia de luto oficial no país. Senhor Presidente, declare este dia não como um dia de luto. Nós, como cristãos, não desejamos que ninguém lamente por nós. Acho mais apropriado que o senhor declare este dia como um dia de luto para o próprio governo.
Estes mártires não são, como alguns funcionários do governo disseram, apenas vítimas ou “os que faleceram.”
Eles são mártires. E ouso dizer, meus queridos, que são mártires da fé e da pátria.
É importante sabermos quem está por trás deste ato hediondo. Nos foi prometidos isso. Embora isso seja muito importante para nós, ainda nos importa afirmar — e o direi claramente — que o governo carrega plena responsabilidade.
O que nosso povo deseja é segurança e paz. O dever principal do governo é garantir a segurança de todos os cidadãos, sem exceção nem discriminação.
Senhor Presidente,
Parabenizamos a revolução e sua vitória em todos os nossos discursos. Também o parabenizamos pessoalmente. E quando o senhor se tornou presidente do país, nós o saudamos e fizemos tudo o que era necessário, porque somos cidadãos verdadeiros desta terra. Somos sírios, com orgulho e autenticidade. Nossa pátria é nossa terra e nossa dignidade. Já disse antes e repito: estendemos nossas mãos ao senhor para construir a nova Síria, e ainda, infelizmente, esperamos ver uma mão estendida de volta para nós.
Oramos, amados, por nossos mártires, nossos feridos e suas famílias. Oramos por nosso país e por todo o mundo. Oramos para que a Síria do futuro seja a pátria que todo sírio sonha.
Aquele criminoso entrou na igreja armado e com explosivos. Nossos jovens — Georges, Bechara e Boutros, que conheço pessoalmente — o viram. Eles o puxaram, o afastaram e se lançaram sobre ele. Aceitaram voluntariamente ser feitos em pedaços — e o foram — para proteger os que estavam dentro da igreja. Esse é o nosso povo. Esses são nossos heróis. Foram despedaçados para proteger, como me foi ditto, 250 pessoas dentro da igreja.
E diante deste povo cristão heróico, afirmo com ousadia: não temos medo, e seguimos firmes em nossa caminhada!
Diante da grandeza do ato destes jovens, concluo afirmando que eles teriam agido da mesma forma para proteger os que estavam ao seu redor, mesmo que estivessem em uma mesquita.
Nossas orações são pelos nossos mártires, e pedimos suas orações, na Luz Divina onde estão, por nós.
O Senhor diz no Evangelho: “Tende coragem, Eu venci o mundo” (João 16,33). Ele também diz: “Deus está no meio dela (da Igreja), não será abalada” (Salmo 46,5).
Obrigado a todos, e que o Senhor os proteja, Ele que é bendito pelos séculos dos séculos. Amém.

كلمة البطريرك يوحنا العاشر
في جنازة شهداء كنيسة مار الياس-دويلعة، كنيسة الصليب المقدس دمشق
24 حزيران 2025
باسم الآب والابن والروح القدس الإله الواحد، آمين
المسيح قام، حقاً قام، فلنسجد لقيامته من بعد ثلاثة أيام،
أصحاب الغبطة، السادة المطارنة، الآباء الكرام، أيها الأحبة،
لقد طويت كلمتي التي كنت أعددتها لأن جثامين أحبتنا الشهداء تجعلني أخاطبكم ارتجالياً.
أنتم أيها الأحباء الشهداء تركتمونا وانتقلتم إلى السماء وإلى الحياة الخالدة في جوار السيد الذي قام من بين الأموات. استشهدتم يوم الأحد الماضي الأحد الثاني بعد العنصرة وهو الأحد الذي أقره المجمع الأنطاكي المقدس تذكاراً للقديسين الأنطاكيين. استشهدتم وانتقلتم إلى الحياة الأبدية في هذا اليوم لتكونوا مع مصف جميع القديسين الأنطاكيين الأبرار والشهداء وسائر القديسين. نتوجه إليكم اليوم. نسألكم أن تصلوا أنتم من أجلنا وقد أصبحتم في أحضان السيد.
أتوجه إلى أحبتي وإخوتي عائلات الشهداء والجرحى والمرضى والمصابين. أتوجه إليكم بالتعزية وأسأل الرب يسوع أن يحفظكم بيمينه الإلهية ويبارككم ويعزيكم ويعطيكم الصبر والسلوان. أتوجه إلى أبناء رعيتنا في مار الياس حيث تمت هذه الفاجعة. أتوجه إلى سائر أبنائنا المسيحيين في كل سوريا وفي كل مكان من العالم. أتوجه إلى كل سوري مسلماً كان أو مسيحياً في هذا البلد لأن ما حصل ليس حادثة فردية ولا تصرفاً فردياً وليس اعتداءً على شخص أو على عائلة. هو اعتداء على كل سوري وعلى كل سوريا. هو اعتداء على الكيان المسيحي بشكل خاص. لذلك، أتوجه إلى الجميع سائلاً الرب الإله أن يعزي القلوب ويقوينا ويثبتنا في إيماننا وفي كنيستنا وفي بلادنا.
يقول الرسول بولس في رسالته إلى أهل رومية: "إن عشنا فللرب نعيش، وإن متنا فللرب أيضاً نموت". صخرة إيماننا هي السيد القائم من بين الأموات. وشهداؤنا الذين أمامنا اليوم هم أبناء القيامة وهم في النور الإلهي. هم لم يموتوا. هم أحياء. وقد انتقلوا، ولو بهذه الطريقة البشعة، إلى من أحبوا. كانوا يصلون في الكنيسة. كانوا في القداس الإلهي. تلي الإنجيل. أي اعتداءٍ مثل هذا؟؟ في الكنيسة والناس تصلي وتقول: بسلامٍ إلى الرب نطلب. يا رب ارحم. فيتم هذا الاعتداء الآثم الذي ذهب ضحيته، حتى اللحظة، 22 شهيداً. ليست كل الجثامين أمامنا الآن لأن بعض الأهالي أخذوا شهداءهم ودفنوهم. 22 شهيداً وأكثر من 50 جريحاً. وقد قمنا البارحة بعد الصلاة في الكنيسة بتفقد الجرحى والمصابين في المستشفيات. لا ننساهم ونصلي أن يمنحهم الرب الشفاء بقوة صليبه المقدس.
ما تم هو مجزرة. أعيد وأكرر هو مجزرة. هو استهدافٌ لمكون أساسي في سوريا الغالية على قلوبنا. استهداف لكل سوري.
السيد الرئيس،
أعلمكم أن الجريمة التي تمت هي الأولى من نوعها من بعد أحداث عام 1860. والتي لا نقبل أن تحصل في أيام الثورة وفي عهدكم الكريم. هذا مدان وغير مقبول. أؤكد للجميع أننا كمسيحيين فوق كل هذه الأحداث. ولا نجعل من أمر كهذه الجريمة النكراء سبباً لإشعال فتنة وطنية أو طائفية، لا سمح الله. نحن على الوحدة الوطنية ومتمسكون بها مع كل السوريين مسلمين ومسيحيين. ونحيا ونعيش كعائلة واحدة في هذا البلد الكريم. وقد تواصل معي العديد من البطاركة ورؤساء الكنائس من كل أنحاء العالم. وتواصل معي سياسيون ورؤساء جمهورية ورؤساء حكومات ووزراء ومسلمون من هذا البلد ليعبروا عن تضامنهم معنا واستنكارهم لهذه المجزرة المروعة.
سأقولها بجرأة، نأسف سيادة الرئيس أننا لم نر واحداً من المسؤولين في الحكومة وفي الدولة عدا السيدة هند قبوات المسيحية في موقع الجريمة بعيد حدوثها. نأسف لهذا. نحن طيف أساسي مكون في هذا البلد. ونحن باقون.
تذكروا معي. تم خطف مطراني حلب بولس ويوحنا وقيل كل ما قيل. وتم خطف راهبات معلولا. ها نحن هنا دوماً. تمت الجريمة النكراء أول البارحة. وسنبقى موجودين.
نناشدكم سيادة الرئيس بحكومة لا تتلهى بإصدار قرارات لا داعي لذكرها من هذا الباب الملوكي المقدس. نناشدكم بحكومة تتحمل المسؤولية وتشعر بأوجاع شعبها.
سيادة الرئيس، الشعب جائع. إذا كان البعض لا يقول لك هذا. أنا أقوله.
السادة أعضاء الحكومة، الناس تأتي وتدق باب كنائسنا وتطلب ثمن ربطة خبز!!
بكل محبة وبكل احترام وتقدير، سيادة الرئيس، تكلمتم البارحة هاتفياً مع سيادة الوكيل البطريركي لتنقلوا لنا عزاءكم.
لا يكفينا هذا. أنتم مشكورون على المكالمة الهاتفية. ولكن الجريمة التي تمت هي أكبر وتستحق أكثر من مكالمة. نأمل أن تعمل الحكومة على إنجاح أهداف الثورة التي هي كما قلتم وقال الجميع: الديمقراطية، الحرية، المساواة والقانون. هذا ما ننتظره وما نريده وما نعمل من أجله.
سأقولها. قيل لنا؛ ستعلن الحكومة يوم حدادٍ رسمي عام في الدولة. السيد الرئيس أعلنوا هذا اليوم لا يوم حدادٍ. نحن كمسيحيين لا نريد لأحد أن يتباكى علينا. أراه جميلاً أن تعلنوا هذا اليوم يوم حدادٍ على الحكومة.
هؤلاء الشهداء. ليسوا كما قال بعض المسؤولين. ليسوا قتلى. وليسوا من "قضَوا". إنهم شهداء. وأتجرأ أحبتي وأقول: إنهم شهداء الدين والوطن.
يهمنا أن نعرف من يقف وراء هذا الفعل الشائن. ووعدنا بذلك. ولكن ورغم هذا. يهمنا هذا بمقدار. ولكن يهمنا أن نؤكد؛ وسأقولها، أن الحكومة تتحمل كامل المسؤولية.
ما يريده شعبنا هو الأمن والسلام. وأولى مهام الحكومة تأمين الأمان لكافة المواطنين دون استثناء ودون تمييز.
سيادة الرئيس،
لقد هنأنا بالثورة وبانتصارها في كلماتنا كلها. قد هنأناكم شخصياً. وعندما صرتم رئيساً للبلاد هنأناكم وقمنا بكل ما يجب القيام به لأننا أبناء هذه البلاد. نحن سوريون مواطنون أصيلون. بلادنا هي أرضنا وكرامتنا. وقلنا وسأعيدها وأقول: إننا مددنا أيدينا إليكم لنبني سوريا الجديدة ولا زلنا، ويا للأسف، ننتظر أن نرى يداً تمتد إلينا.
نصلي أيها الأحباء من أجل شهدائنا وجرحانا وعائلاتهم. نصلي من أجل بلادنا ومن أجل العالم أجمع. نصلي كي تكون سوريا القادمة علينا تلك "السوريا" التي يحلم بها كل سوري.
دخل هذا المجرم الكنيسة بسلاحه وبالمتفجرات إلى الكنيسة. رآه شبابنا جريس وبطرس وميلاد وأنا أعرفهم شخصياً. سحبوه ودفعوه إلى الوراء وارتموا عليه. وقبِلوا أن يصيروا أشلاء، وصاروا أشلاء ليحموا من كان في الكنيسة. هذا هو شعبنا وأبطالنا. صاروا أشلاء ليحموا، على ما قيل لي، 250 شخصاً كانوا في الكنيسة.
أمام هذا الشعب المسيحي البطل أؤكد وأقول: نحن لانخاف ونتابع المسيرة.
أمام عظمة هذا المشهد، أختم وأقول: لكانوا فعل الأمر ذاته وحموا الناس الذين حولهم حتى ولو كانوا في المسجد.
صلواتنا من أجل شهدائنا ونطلب صلواتهم من حيث هم في النور الإلهي من أجلنا.
يقول الرب في الإنجيل: ثقوا قد غلبت العالم. ويقول أيضاً: أنا في وسطها فلن تتزعزع.
شكراً للجميع. وليحمكم الرب، هو المبارك إلى الأبد آمين.








